Estranhos atratores

Viaje

Se for o caso
Mesmo que parado
Lendo no quarto
Viajo
Se for o caso
Me escreva
Mesmo que seja um sinal de fumaça
Ou fótons
Mensagem
Cifrada
Na luz

Quem somos nós
Fóton?
Macacos
E partículas
Mas você sabe
Todo mundo sabe
Muito
Bem
Quarks e Léptons
São iguais
No modelo padrão
Então chama a atenção
A chama
Então o que ressoa
É o som
Desde a criação
(E o que é que
Se cria?
Animais criaturas?
Seres senscientes seriam
Só quicos marinhos?)
Ou então big bug
(E eu tenho uma teoria
Uma explicação pra isso:
Bug é inseto
Mas também é uma gíria
Como insetos fazem morada
Dentro dos ordenadores
E produzem avarias
Erros de programação
Estes também são chamados assim
Pois bem
A minha teoria
Com base mateprática
É que o universo
Quer dizer multiparsecs
Ou melhor pluviwebs
Muitas teias
Pode ser um bug
Em todos os sentidos
E você sabe
Minha amiga
Estes são
Bem mais que 11)
Ou explosão
(Uma concepção divina
E por isso dividida)
É o amor que se faz em ondas de guerra e paz
E amor

Eu só faço perguntas
Coisas que você não responde porque enseja
Seu mistério sua força de serena
Sereia selenita
Acho você bonita
Acho que você esbraveja
Como uma mulher mar
E depois recai em si
E fica tranquila e límpida bendita
Como um diamante lapidado pela força
De um vulcão
Ou algo assim
Quero você pra mim
Acredito em você
Porque é bonito
Porque é límpido e cheio de risos
Secretos
Porque quando eu converso
Com você
Quando a gente conversa

Você
É
Tão quieta
Tão discreta
Tão calma
Tão feliz
E me faz

Ampulheta

Sonhei com ela

Mas isso é o que faço toda noite

No sonho ela vestia uma roupa de princesa

Mas isso é o que ela é na verdade

E todos os homens que a viam a queriam

E a vi com muitos

Num baile que foi vários

E durou meses anos

Numa noite

Ela sempre voltava pro salão

Todos aqueles homens

Eram como grãos

Da ampulheta

Que olhando ela contava

O tempo

Esperando pela chegada

Do seu verdadeiro varão

Depois de tantas danças

Com homens de todas as cores

Idades feitios sabores

Ela me viu ali

Olhou meus olhos

E a ampulheta parou

Como o nascer de um sol

Porque ela me reconheceu

E me quis na hora

Minha senhora

Como um sol no meio do céu

Constante de Hubble

Tudo está em expansão

O que é diferente de falar
Que predomina a entropia
Então eu vou
Agora
Te contar um segredo
Minha querida
Nos pluriversos vigora
A neotopia ou neotropia
(Dois functivos diferenciais)
Que é a fonte da energia positiva
E negativa
E que irradia tudo em ondas de energia
Mas que a gente mais simples desse mundo
Conhece muito bem, aliás, todo mundo conhece esse trem
Que vibra o tempo todo
E é o
Amor
Minha senhora 

Homeomerias

Moça

Me ouça
Fala o que você
Quiser faça o que
Você quiser
Mas um dia
Venha me falar
Tenho algo pra dizer
Pra você
Tenho algo pra
Te dar
Pra fazer de bom
Pra você
E que você
Adorará
É que você
Vem entender
O que é que
Houve o que
É que há
Se você quiser
Se você vier aqui
Pra vir
Pra ver
Pra vencer
Pra ficar

ela é feia (só que não)

porque

ela é assim
aqui e ali
vem e vai
haikai do momento
se ri ai de mim
mistura de coelho e Alice
com gato de Cheshire
ela é feia
ela é bela
aquarela
ela é feita
de fogo
ela é feita
de fótons
ela é feita
de
ar
água
terra
e algo mais
uma estrela
tão grande e bonita
no meio da terra
um acelerador das partículas
do pensamento
da razão
do coração
e do amor
seja como for
veja como a flor
nasceu
o campo verdejou
o rio se encheu
o céu se abriu
o tempo esfriou
depois aqueceu
depois aquiesceu
comigo
com o céu
e o com o seu
desejo
e veio aquele
beijo
e tudo esquentou
e ficou tudo assim
sorrindo pra mim
no dia que finda
e jamais chega ao fim 

vento vendo

Havia no mundo dois ventos e ambos eram iguais pra mim

Mesmo sendo as coisas mais diversas do mundo
Uma da outra
Um era o vento que sopra sem parar pelo mundo todo
E molha minha roupa faz cair coisas do céu e sopra tudo ao léu
Esse vento vem do sol e dos raios cósmicos
E faz com que todas as massas do planeta se sacudam
Mesmo o núcleo precioso, tudo, mesmo, inclusive os homens
O outro é o vento que venta dentro de mim
O tempo todo também
E que vem das estrelas
E desse vento eu também não posso falar nada
O máximo que consigo é fazê-lo soprar com mais vigor
Toda vez que minha alma apaixonada
Sente o amor

Trilhas urbanas

Quero sim

Ser saber
O ser que está no todo
Do meu ser
Quero dizer
Caminhar por aí
Pelas trilhas urbanas
De coletivo a pé
Sempre um indivíduo é um pluriverso
Usando a nave
Que singra o espaço
Que se atreve pelos tempos
Preenchendo todos os momentos
Com essa luz suave

Ensonho

Eu vejo você num tempo mágico

Que tem algo do passado e do futuro
E é tipo um presente como um pente
Que penteia as ondas do vento, alimento
Dos sonhos que eu gostaria de ter
Quando sonhasse com esse evento ágil
Eu seria um novo eu e no entanto o mesmo
Mas o antigo era tão novo e tinha tanto
Sentimento quanto encanto pelo jeito
Que você tem de olhar/falar/cantar
A noite inteira você canta no teatro
Mágico e encanto do ensonho
Sem parar 

pares

Entre as brumas do sonho

Ou o denso smog de Avalon
Eu vi você
Como se fosse a fada
A bruxa a moça da varinha mágica
A feiticeira do lago
E do salão
Você dançava uma valsa vienense
Não não era um sonho exatamente
Eu sonho quando saboreio a vida
Igual criança que morde um bombom
Mas no caso dessa neblina opaca
Através da qual o sol luzia
Cheio de cores e alegria
Ela era muito mais um despertar
Um sentimente sutil
Único e ímpar, porém par

Se você escolher um poeta/vai ter mais emoção/e alegria

Mas moça me faça um favor

Não mostre os versos e os inversos
Que nascem como se fossem flores
No universo
Toda vez que eu vejo
Esse seu jeito meigo
E tão concreto
Não quero que outro cara use meus versos
Eles são incensos que falam só de nos
Leia esses versos a sós
Com minha vista
E a secreta visita
Do seu amigo
Poeta

Vero

A poesia flui

Pelo universo
Chega até mim
Toda vez que vejo as pérolas
E outras pedras preciosas
Do teu ser
Então como um fio
De um colar infinito
Mas bonito
Essa energia flui
Pros meus versos
E faz sentido
Mas eu fico aqui
Querendo encantar
E só canto
E no entanto
Quero tanto
Versejar
Assim
Esse sentido em mim
É verdadeiro
Como sempre fui
Minha querida
E flui do pensamento
Para a vida 

Margem

Bastante bom é acordar de novo

Rindo porque sonhou sem saber o quê
Uma moça como uma mariposa nos sonhos
Nada na flor d’água e se ri pra você
Ah, moça e mariposa, vamos rir juntos

Gente gosta de rir, e isso eu sei por quê
Ando olhando sua alma e fico curioso
Bastante assim de repente, só de te ver
Rindo e indo como uma índia da minha América
Gente assim tão bonita, que me alegra

Afoito

Gosto de praia no biscoito

De café na fé que eu tenho de encontrar
Com você pra conversar
Como quem brinca com um bebê
Minha alegria será enorme
Mesmo dormindo meu sonho não dorme
Ah! Como eu quero ver você 

Moça me ouça

Moça

Me ouça
Eu quero
Te ver
Feliz
Sorrir
Na poça
D’água
Eu vejo
O brilho
Da lua
A rua
Se enfeita
Pra você
Meu olhar
Te acompanha
A luz
Solar
Te ama
E tudo
Se engalana
Quando vê
Você

Homem simples

Coisas que eu gosto

Andar pela beira do mar
Sobre a areia de ouro
Da tarde que se desdobra
Em cantos dos elementos

Falar pelos cotovelos
Sentindo a brisa do tempo
Que despenteia os cabelos
E nosso manso sorrir
Sempre a florir os seus olhos
São grandes poços de luz
A sua fala que reluz
O seu olhar me seduz

Gosto de aspirar a chama
Beber a água da fonte
Tocar a minha ruda flauta
E sonhar com você pela noite
Isso é o que eu gosto de fazer
Ah, e eu gosto tanto de você

Sonho lúcido

É sempre assim

Sempre fica uma dura incerteza
E uma amável delicadeza
É sempre sem fim
Mas sempre muito perto
Do não e do sim
E do não
Haja coração
É sempre meia-noite
É sempre meio-dia
É sempre meio dia
E sempre meio noite
Parece uma coisa forte
Como um bebê sorrindo
Parece a vida e um corte
Um bólide que vem vindo
E haja paciência
Calma, precisão
Eloquência
E nada faz sentido
Mas tudo é tão sentido
Que eu falo sempre amigo
E sempre digo amante
E agora é como antes
Sempre será assim
Não sei o que ela quer
Mas a quero e quero tanto
Que quero o que ela quer
Para o meu próprio espanto

amor

se aquiete esse sentimento

é só a voz do vento em seu ouvido
quando nada faz sentido
aí você está no caminho

não tem pressa meu filho
a pressa é só uma ilusão
tudo que é bom vem no tempo
é feito de tempo e emoção

as palavras são um misto
do vento do sentir do tempo e de água
ouro precioso esse momento

que está inteiro na palma da sua mão
feito um verso da sua lavra
tesouro que revela o seu coração 

Ladrão do fogo

O poeta é um tremendo caozeiro, mo mentiroso

Mas suas armações
São tão profundas
E reais
Que ele chega a fingir que finge que seu fingimento
É fingimento só, e nada mais

O poeta é um ser alado
pregado num sonho
olhando pro sol
Ele deseja:
Voar
Cantar
Encantar
Contar
Amar
Realizar

E o que a poesia tem com isso?
Tudo : a poesia é a possibilidade infinita
De ser livre e feroz assim
O sol da voz